Netanyahu: Pressão interna ameaça reinado no poder em Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, enfrenta crescente pressão interna em meio à guerra contra o Hamas. As acusações de que ele estaria prolongando o conflito por interesses pessoais, inclusive para evitar uma possível prisão devido a processos em andamento, intensificaram-se.

Além da luta contra o Hamas, Netanyahu enfrenta agora um "front interno", marcado pela pressão de familiares dos reféns e pelo depoimento do ex-chefe do Shin Beit, Ronen Bar.

Ronen Bar, demitido em março por Netanyahu, acusou o primeiro-ministro de tentar induzi-lo a realizar tarefas de "lealdade pessoal" em depoimento à Suprema Corte de Israel.

"Benjamin Netanyahu é, sem dúvida, uma pessoa extremamente inteligente — um dos líderes mais brilhantes do mundo atualmente. Ele possui uma compreensão profunda das dinâmicas internacionais e uma notável capacidade de análise. Além disso, sua visão macroeconômica é sólida, algo essencial para quem lidera um país. Essas são qualidades importantes e reconhecidas inclusive por muitos de seus opositores." afirma Revital Poleg, especialista em política israelense.

Netanyahu nega as acusações e atribui a perseguição a opositores políticos. A demissão de Bar, contrariando uma decisão da Suprema Corte, gerou críticas sobre uma possível ameaça à democracia israelense.

Uma pesquisa do Canal 12 revelou que 60% da população israelense deseja a renúncia do primeiro-ministro, que detém o recorde de mais tempo no cargo em Israel, com 16 anos e três meses.

Desde 2019, Israel enfrenta instabilidade política, com cinco eleições realizadas para confirmar o bloco de Netanyahu no poder. Ele deixou o cargo por um breve período entre 2021 e 2022, retornando com o apoio de grupos ortodoxos.

Netanyahu está sendo julgado pelo Tribunal Distrital de Jerusalém por suspeitas de suborno, fraude e quebra de confiança em três casos separados. Ele tem resistido às acusações, inclusive eleitoralmente.

O partido Likud, liderado por Netanyahu, obteve o maior número de votos nas últimas eleições em 1º de novembro de 2022, formando uma coalizão governista com 64 dos 120 assentos do Knesset. Esse número aumentou para 67 com a entrada do partido de Gideon Sa"ar na coalizão.

"A permanência prolongada no cargo, infelizmente, costuma corroer valores éticos — o que parece ter ocorrido também neste caso. Com o ar dos anos, a perspectiva moral pode se distorcer, e o vínculo direto com o público tende a se enfraquecer." ressalta a ex-diplomata Revital Poleg.

Netanyahu defende sua política e acusa seus opositores de hipocrisia e de quererem a rendição do país.

"Se eu tivesse cedido a esses apelos: não teríamos entrado em Rafah, não teríamos tomado o corredor Filadélfia, não teríamos realizado a Operação Pagers, não teríamos eliminado Sinwar, Deif, Haniyeh ou Nasrallah, não teríamos criado as condições para a queda do regime de Assad e um golpe duro contra o eixo iraniano, não teríamos mudado a face do Oriente Médio", declarou Netanyahu.

A guerra contra o Hamas pode ter colocado Netanyahu em uma posição delicada, mas também o elevou ao status de líder que, após os ataques terroristas, conseguiu proteger as fronteiras de Israel.

*Reportagem produzida com auxílio de IA