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Foto:Djalma Batista
Ao conversar com ValÂter JoÂsé FerÂreiÂra FiÂlho em seu atelier ou no salão de cabeleireiro, no Parque Rodoviário, em Teresina (PI) não é possÃvel descobrir de cara seu potencial artÃstico e criativo, já que não é de falar muito sobre seus projetos.
Mas vendo as obras de artes que faz com pneus velhos, que geralmente são descartados no meio ambiente, pode-se afirmar que é a maior expressão do Piauà em reciclagem deste tipo de material. Sua fama vai longe, tanto é verdade que recebe encomendas de vários estados e cidades do PiauÃ. E existem lojas da capital que usam vários móveis de pneus feitos por ele.
FOTOS:DJALMA BATISTA/portalopiaui.piauiconectado.com
No entanto, a maior façanha deste artesão e designer foi concluÃda neste mês, que é um conjunto de enfeites de Natal, todos de pneus reciclados que inclui duas renas, um trenó, um boneco da neve e, claro, o Papai Noel gigante, medindo dois metros de altura, e a cadeira do bom velhinho. É uma obra para durar uma vida.
Para Valter, este foi o maior desafio que já venceu em seus anos na lida com reciclagem. Isso por ter conseguido fazer, em 25 dias, peças tão cheias de detalhes que exigiram até pesquisa sobre a anatomia das renas.
"Este foi o trabalho mais difÃcil de todos. Foi um desafio também pelo tempo curto para executar, 25 dias, e pelas pesquisas. Eu tive de fazer todo um estudo. Analisar, desde a anatomia das renas, e trazer para minha realidade, que é o trabalho com pneu. Às vezes você calcula uma coisa e quando imagina que ali não vai dar certo o pneu, você desmancha e refaz os cálculos. Com o Papai Noel foi da mesma forma. Tive de estudar, rever alguns cálculos e fazer as adaptações", explicou Valter.
Segundo ele, é prazeroso ver o conjunto da obra concluÃda que enfeita o Natal na cidade de Regeneração, PI. "Espero que traga muita alegria e paz para as pessoas neste Natal. Estamos precisando muito disso", falou.
O trabalho com enfeites de Natal se tornou mais difÃcil também por causa do uso de tinta. Como não existe Papai Noel, boneco de neve e renas da cor natural do pneu, ele teve de usar tintas de diversas cores, dentre elas, vermelho, marron e branco. No caso do branco, a pintura foi complicada porque não aderiu bem ao preto, desbota fácil com a ação do sol.
QUANTOS PNEUS USOU NAS OBRAS?
Foram usados 100 pneus velhos de moto e carro no total, sendo 40 no Papai Noel gigante e 30 no trenó. A maioria, ele recolheu em oficinas. Caso fosse comprar em depósitos, gastaria uma boa grana. Cada pneu usado hoje não sai por menos de R$ 7 reais. Mas há muitas pessoas que fazem doações do material, para que ele desenvolva outros trabalhos.
Para fazer as peças, Valter contou com a ajuda da sobrinha LavÃnia Yasmim Rodrigues Lages. Além de ajudar na pintura e na montagem das tiras de pneus, ela fez a divulgação nas redes sociais.
Ele já tem planos de fazer um gorila gigante, réplica do filme. Agora estuda também a possibilidade de fazer um avião de pneu velho por encomenda. Não sabe ainda se vai dar certo, mas já começou a pesquisar. Falou que está tentando descobrir o que o cliente vai fazer com o avião, mas não arrisca um palpite.
O designer perdeu a conta de quantas peças já fez de 2014 para cá, que foi o ano que começou. Mas foram muitas, entre cadeiras, mesas, objetos de decoração e motos de marcas famosas, como a Harley-Davidson. E até uma usada no filme Motoqueiro Fantasma. Na exposição que participou em shopping da capital, o empresário João Claudino comprou a moto mais possante para dar de presente a um amigo.
COMO TUDO COMEÇOU?
O trabalho de Valter evita que miÂlhaÂres de pneus veÂlhos seÂjam joÂgaÂdos no meio ambienÂte, onÂde poÂderiam viÂrar foÂco de mosÂquiÂtos da denÂgue e causar outros problemas ambientais.
AÂlém de geÂrar renÂda, a iniciativa promove a reÂciÂclaÂgem das próÂprias iÂdeias do artesão, coÂmo ValÂter costuma faÂlar. A transÂforÂmaÂção de pneus em móÂveis e obÂjeÂtos deÂcoÂraÂtiÂvos chegou a empÂreÂgar três pesÂsoas nos perÃoÂdos de maior proÂcuÂra antes da pandemia, mas com a crise sanitária só ficou ele na lida.
ValÂter uÂtiÂliÂzaÂva o cedÂro paÂra faÂzer suas esÂculÂtuÂras. Certo dia obÂserÂvou que a AÂmaÂzôÂnia esÂtaÂva senÂdo muiÂto desÂmaÂtaÂda paÂra a extÂraÂção da madeiÂra que hoÂje esÂtá a "preÂço de ouro", muiÂto por conÂta do cerÂco reaÂliÂzaÂdo em torÂno das madeiÂreiÂras que oÂpeÂram de forÂma iÂleÂgal. Por não conÂcorÂdar com o desÂmaÂtaÂmenÂto, o arÂteÂsão reÂsolÂveu muÂdar o foÂco.
"PreoÂcuÂpaÂdo com o meio ambienÂte e com a reÂtiÂraÂda de madeiÂras nobÂres, coÂmo o cedÂro, reÂsolÂvi dar uma reÂciÂclaÂda nas iÂdeias. EnÂtão parÂti paÂra a reÂciÂclaÂgem de pneus. FaÂço muiÂta coiÂsa com os pneus veÂlhos, desÂde aÂraÂras, motos, cobras, eÂleÂfanÂtes até cadeiÂras, pasÂsanÂdo por polÂtroÂnas, meÂsa de cenÂtro e meÂsa paÂra coÂpa", expÂliÂca.
Ele aÂprenÂdeu o noÂvo oÂfÃÂcio por meio da inÂterÂnet. Fez uma pesÂquiÂsa em siÂtes espeÂciaÂliÂzaÂdos e deÂciÂdiu proÂduÂzir peÂças aÂtraÂtiÂvas e que renÂdem um bom dinheiÂro. Chegou a faturar bem com a atividade e ainda hoje fatura. Mas sempre lembra a sua missão. "Deixar a natureza limpa é meu maior objetivo", afirma o artesão.
VALTER RECOLHE PNEUS NAS RUAS
A maÂtéÂria-prima paÂra a reÂciÂclaÂgem deÂsenÂvolÂviÂda peÂlo arÂteÂsão é iÂnesÂgoÂtáÂvel. A froÂta de veÃÂcuÂlos cresÂceu muiÂto e as troÂcas de pneus aÂbarÂroÂtam as oÂfiÂciÂnas toÂdos os dias.
PaÂra consÂtruir móÂveis duÂráÂveis e esÂtiÂloÂsos, ele reÂciÂcla pneus veÂlhos de carÂros de pasÂseiÂo, moÂto, caÂmiÂnhoÂneÂte e de carÂreÂta. Tem preÂfeÂrênÂcia por pneus pequeÂnos de borÂraÂcha peÂlo faÂto dos pneus raÂdiais teÂrem muiÂto aÂraÂme, o que diÂfiÂculÂta o corÂte e o maÂnuÂseio.
ValÂter, quanÂdo anÂda peÂla ciÂdaÂde, reÂcoÂlhe pneus joÂgaÂdos nas ruas. Mas a maioÂria dos pneus velhos é comprada em empÂreÂsas do seÂtor em TeÂreÂsiÂna e TiÂmon. No moÂmenÂto de adquiÂrir a maÂtéÂria-prima, o traÂbaÂlho do arÂteÂsão é alÂvo de coÂbiÂças e esÂperÂteÂzas.
EÂxemÂpliÂfiÂcou que no inÃcio um forÂneÂceÂdor, ao obÂserÂvar que ele haÂvia ampÂliaÂdo a deÂmanÂda peÂlos pneus, reÂsolÂveu aumenÂtar o preÂço de uma banÂda de pneu de R$ 10 paÂra R$ 15. SeÂgunÂdo ele, as tiÂras de pneus que são uÂsaÂdas na comÂpoÂsiÂção dos asÂsenÂtos e enÂcosÂtos de suas polÂtroÂnas geÂram bons lucÂros no merÂcaÂdo. Boa parÂte desÂte proÂduÂto é desÂtiÂnaÂda paÂra as inÂdúsÂtrias faÂbriÂcanÂtes de soÂfás.
"O pneu raÂdial tem muiÂto ferÂro. Só serÂve paÂra faÂzer puf e outÂros asÂsenÂtos. O pneu coÂmum de borÂraÂcha tem merÂcaÂdo. Com isÂso, os borÂraÂcheiÂros não joÂgam mais no liÂxo esÂte tiÂpo de pneu", faÂlou ValÂter.
Na aÂtiÂviÂdaÂde de reÂciÂclaÂgem, seÂgunÂdo o arÂteÂsão e cabeÂleiÂreiÂro, a troÂca de expeÂriênÂcias é muiÂto imÂporÂtanÂte. Por isÂso, ele esÂtá plaÂneÂjanÂdo ir à ciÂdaÂde de PiÂriÂpiÂri, onÂde se enÂconÂtraÂrá com um arÂteÂsão que tamÂbém traÂbaÂlha com a reÂciÂclaÂgem de pneus.
"O caÂra lá esÂtá reÂciÂclanÂdo as ideias. TraÂbaÂlhaÂva com arÂteÂsaÂnaÂto em madeiÂra, mas esÂtá se deÂdiÂcanÂdo mais à reÂciÂclaÂgem de pneus. Em PiÂriÂpiÂri, penÂsei que ele não fosÂse enÂconÂtrar maÂtéÂria-prima, mas na ciÂdaÂde tem pneu deÂmais. A troÂca de expeÂriênÂcia com outÂros proÂfisÂsioÂnais da áÂrea aÂjuÂda a genÂte a meÂlhor e a obÂserÂvar as coiÂsas com noÂvos olhaÂreÂs", faÂlou ValÂter.
ValÂter faÂlou que gosÂta de dinheiÂro, mas faz o traÂbaÂlho de reÂciÂclaÂgem penÂsanÂdo mais no bem que isÂso faz à naÂtuÂreÂza. E aÂfirÂma que esÂte tiÂpo de aÂtiÂviÂdaÂde tem esÂpaÂço paÂra toÂdo munÂdo. "QuanÂto mais pesÂsoas fiÂzeÂrem o serÂviÂço que faÂça, mais a naÂtuÂreÂza vai aÂgraÂdeÂcer. Deixar a naÂtuÂreÂza limpa é meu maior obÂjeÂtiÂvo", faÂlou.